sábado, 4 de fevereiro de 2012

SETE RAZÕES PARA OS SALÁRIOS DE "FOME" PRATICADOS EM PORTUGAL ! !

1ª RAZÃO: A crescente e desigual repartição da riqueza nacional em prejuízo do trabalho

No nosso país, os lobbies empresariais  ligados aos grandes interesses económicos,  têm tido todo o apoio dos partidos que nos têm governado (os chamados partidos do arco do poder), de tal forma que a distribuição do rendimento nacional já lhes pertence em mais de 50%, com prejuízo dos trabalhadores em geral: em 1975 a repartição envolvia uma repartição em cerca de 59% para o trabalho, e actualmente essa repartição da riqueza nacional apenas é de 39% a favor do Trabalho, o que marca bem o acentuar das desigualdades crescentes na concentração da riqueza em Portugal (os ricos ficam mais ricos e os pobres mais explorados e mais pobres).


Ora na Europa e nos EUA, em geral essa repartição da riqueza nacional fica-se pelos 50% para o trabalho, e o restante para o Capital, para os Bancos, para os proprietários e para o Estado. Aqui está a 1ª razão para que os salários dos trabalhadores na Europa e nos EUA sejam superiores (cerca de 3 vezes em média) aos dos trabalhadores portugueses.


2ª RAZÃO: Baixa capacidade de gestão empresarial a qual  implica baixa produtividade !


Outra razão prende-se com a maior produtividade das empresas na Europa e nos EUA: com o mesmo número de trabalhadores produzem mais! Mas como sabemos os trabalhadores portugueses, enquanto emigrantes nos países europeus, são dos mais produtivos, (até porque estão habituados a trabalhar mais horas, e mais dias em Portugal ), o que demonstra que o factor chave da produtividade reside na capacidade de gestão das empresas.


Isto é, a 2ª razão para a desigualdade dos salários na Europa e nos EUA em relação aos salários de indigência praticados em Portugal, tem a ver com a  falta de capacidade de gestão demonstrada pelos empresários portugueses, os quais, nomeadamente nas PME resistem a contratar mão de obra qualificada, ao nível da gestão da produção, comercial  e da gestão financeira, porque querem continuar na sua lei selvagem do "quero posso e mando", o que acaba por conduzir à má gestão dessas empresas e por arrasto à baixa produtividade das mesmas.


3ª RAZÃO:  Os baixos salários induzem maior pobreza a qual arrasta mais baixo nível salarial !


Como terceira razão (mas estão todas interligadas)  podemos apontar o facto demonstrado historica e matematicamente (por  exemplo por Argiri Emanuel) que os países de maiores salários tendem a enriquecer mais  em contra posição aos países de mais baixos salários, os quais tendem a empobrecer mais. De facto a mão de obra barata fornece produtos para exportação baratos, enquanto a mão de obra cara, fornece produtos para exportação caros, mas de alta qualidade. Este é o problema que se verifica na zona euro actual: a Alemanha pratica  dos mais elevados salários (os sindicatos alemães não brincam aos partidos) e por exemplo Portugal pratica dos mais baixos. A distância económica entre a Alemanha e Portugal não parará de aumentar enquanto não houver um nivelamento salarial.


4ª RAZÃO:  A miopia dos Lobbies empresariais e dos Governos!


Uma 4ª razão é inerente à miopia empresarial e do Governo que através dos partidos ditos do arco do poder) suporta essa miopia empresarial: os empresários das PME para além de não revelarem capacidade de gestão (induzindo baixa produtividade), só vêm o seu interesse particular à frente do seu nariz! São incapazes de analisarem a floresta , de verificarem que o todo é diferente das partes que o constitui! Ao terem a maior das ganâncias em ganharem o máximo lucro de per si, acabam por se prejudicarem na globalidade, pois ao praticarem salários de indigência , não dão poder de compra aos cidadãos em geral para comprarem os seus produtos. Não aprenderam nem querem aprender a lição de FORD : "pagar bem aos meus trabalhadores para que eles tenham capacidade de comprarem os produtos que fabricam, pois dessa forma asseguramos mehor o escoamento da produção".


5ª RAZÃO:  A miopia sindical da CGTP e UGT portuguesas !


Os sindicatos  (CGTP e UGT) estão intimamente ligados às estratégias partidárias, seja do PCP, seja do PS / PSD. Como tal, preocupam-se mais com estratégias de competição pelo poder que propriamente em darem e conquistarem poder efectivo para os trabalhadores. Nunca vimos os sindicatos em Portugal procurarem dar capacidade de co-participação na gestão das empresas (como acontece por exemplo na Alemanha). Os sindicatos no nosso país, tendem a exigir a actualização salarial atrás da inflação, induzindo uma crescente perca de rendimentos dos trabalhadores em geral, arrastando lentamente os rendimentos do trabalho para baixo (por isso é que a riqueza nacional já representa apenas 39% na parte que cabe ao trabalho, ao contrário da Europa que fica acima dos 50%).


Mas os sindicatos portugueses (CGTP e UGT) , além disso ainda aprofundam  ainda  mais a falta de  equidade social,  na medida em que tendem (historicamente) a aplicar a mesma percentagem de subida salarial aos salários médios  e aos salários altos, em benefício destes : quem ganha 1000 euros, se os seus salários subirem 5% fica a ganhar 1050 euros, mas quem ganha 5 000 euros, ficará a ganhar 5 250 euros (ou seja o aumento efectivo do salário neste exemplo seria 5 vezes maior nos salários mais altos em relação aos salários mais baixos) .    


6ª RAZÃO:  Os preços de "monopólio" supra-normais praticado pelas empresas dos combustíveis e da electricidade , com a cumplicidade dos governos!


Na 6ª razão, vamos apontar como causa fundamental a prática de preços "monopolistas", sem controlo governamental adequado, pelas empresas ligadas aos combustíveis e à  electricidade.  De facto a subida constante dos preços dos combustíveis e da electricidade, representam uma parcela crescente dos custos de produção das empresas. Os patrões, como não encontram aliados nos poderes públicos para combaterem essa exorbitância, de preços, recorrem então à pressão para a baixa salarial, e aí sim com a cumplicidade dos Governos.


 Resultado a miopia do Governo, que se torna aliado dos monopólios dos combustíveis e da electricidade, (O GOVERNO NEM DE DIGNA ESTIPULAR QUE ESSES PREÇOS DOS COMBUSTÍVEIS E DA ELECTRICIDADE NÃO DEVERIAM SER SUPERIORES Á MÉDIA DESSES PREÇOS PRATICADOS NA UNIÃO EUROPEIA)  aliada á miopia dos patrões e dos próprios sindicatos (CGTP e UGT) , acaba por ir dando o golpe fatal  (ironicamente argumentando com a competitividade das empresas ) na dinamização da economia interna , a qual depende do poder de compra real dos cidadãos em geral (e os cidadãos em geral são os próprios trabalhadores). E lá vamos caminhando e sorrindo no caminho do empobrecimento da economia, das famílias  e das PME e micro empresas que produzem para o mercado interno.


A motivação de quem trabalha não pode ser desligada dos factores enunciados: remuneração adequada do trabalho e co-participação nas decisões estratégicas empresariais (como acontece na Alemanha). Os donos do negócio serão os primeiros a beneficiar dessas medidas de ética económico-social : com relações laborais mais dignas, a produtividade tenderá a melhorar, o conhecimento e vantagens competitivas das empresas será maior, a qualidade da produção sairá reforçada, e no final a rendibilidade das empresas será maior, contribuindo dessa forma para o desenvolvimento económico-social sustentável da sociedade como um todo.


7ª RAZÃO::  A ausência de coesão e de uma economia cooperativa e solidária na UE !


Uma sociedade desenvolvida e com equidade social, pressupõe uma economia solidária! Uma Europa  desenvolvida e com equidade e coesão social, pressupõe uma economia europeia solidária! Ora é o contrário que se está a verificar, com os resultados lamentáveis que todos nós conhecemos: marginalização sócio-económica de milhões de cidadãos europeus, empobrecimento crescente dos países que praticam baixos salários, e crescente perda de soberania dos mesmos, já que as suas melhores empresas públicas acabam por ser abocanhadas pelo capital estrangeiro dos países, que mercê  da sua crescente acumulação e concentração de riqueza  propiciada pelo jogo não solidário da economia de mercado capitalista , os tornam suas  coutadas privadas ! 

Sem comentários:

Enviar um comentário