quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

UM PONTO DE VISTA SOBRE O LADO "A" E O LADO "B" DO PAN !

I - O LADO "A" DO PAN

O lado A da moeda tem a face de Paulo Borges: Professor de Filosofia e assumido "militante" da filosofia / teologia  Budista.

Como Presidente do PAN, desde o seu primeiro congresso, Paulo Borges  tem sabido defender  com grande coerência conceptual a trilogia "Pessoas Animais Natureza", assente numa visão holística do universo, e guiada por valores éticos universais, no sentido em que os valores defendidos pelo PAN não se limitam à esfera antropocêntrica (aos valores humanistas) , pois defendem o direito aos direitos dos animais sencientes e o respeito pela  natureza.

O defesa dos valores éticos universais, assumidos pelo PAN, condimentados pela filosofia da "compaixão e perdão incondicional" conduziu ao lema sintetizador do objectivo político central do PAN traduzido na frase  "Pelo Bem de Tudo e de Todos".

Portanto o PAN tornou-se sob a Presidência de Paulo Borges num partido maravilhoso, que deveria ser adorado por todos os que desejam o "bem de tudo e  de todos"! Há no entanto uma questão essencial, que o PAN ,  não  discute: o porquê de vivermos numa sociedade extremamente desigual, com grandes injustiças sociais, na qual meia dúzia de famílias (donas dos grandes grupos económicos) enriquecem incessantemente, e como consequência o resto da população fica reduzida ao remedeio ou mesmo à marginalização e miséria económico-social.

Assim sendo, o PAN, acaba por defender o "bem de tudo e de todos" de forma "infantil", no sentido em que é bonito dizer-se essa frase bem alto, para quem a diz e para quem a ouve, mas de facto é uma frase  que é inconsequente no plano da transformação de uma sociedade, caracterizada pela exploração  determinada pelos grandes interesses económicos dominantes, os quais subordinando o poder político-jurídico,  impõem em benefício próprio, a exploração dos demais seres humanos, a exploração dos animais e da natureza, os quais para esses interesses económicos são considerados como  factores de produção, e como tal subordinados ao princípio fundamental do máximo lucro, cujo direito à apropriação lhes é juridicamente determinado.

O  PAN, ao  não querer  reconhecer as causas económico-sociais e os factores político-jurídicos  determinantes da exploração dos seres humanos, dos animais e da natureza, acaba não só por deixar "tudo na mesma", mas com a agravante de,  estar a  "branquear" essas condições de exploração, as quais reproduzem de forma sistemática a situação de crueldade e violência económico-sociais e político-jurídicas sobre as pessoas, os animais e a natureza.

A práxis política do PAN subjacente ao lema "pelo bem de tudo e de todos" torna-se incapaz de abolir com as reais condições de exploração dos seres humanos, dos animais e da natureza, já que nem sequer identifica as causas e os factores determinantes dessa exploração reinante na sociedade, e como tal arrisca-se de facto a meramente combater "moinhos de vento" , sempre em nome do bem de tudo e de todos, mas deixando tudo na mesma!

Ao lema, "pelo bem de tudo e de todos" o PAN acrescenta  ser um partido completo, inteiro, que une a causa humanitária, animal e ambiental, numa só!".  E essa forma de pensar conduz a uma prática de difusão dos valores de cima para baixo, a uma prática em que a direcção  do PAN reune e determina de forma sapiente as  orientações para as bases, recomendando mesmo o silêncio pois a discussão gera ruído e conduz à não concórdia!         

Claro que tal prática centrípeta da liderança do PAN inerente à liderança de Paulo Borges conduz inevitavelmente ao afunilamento das ideias do PAN e também à censura dentro do PAN:  só as orientações da Direcção, são  ajustadas ao bem do PAN e ao bem de tudo e de todos! Por isso as bases do PAN, com esta práxis  acabam por nem saber de que terra (partido) são, pois para não haver discordâncias, gera-se a censura interna e  o silêncio como prática quotidiana do PAN, aconselhando-se por outro lado às bases,  que pratiquem a meditação...!

Ou seja o PAN do lado "A" , para além de adoptar uma prática política inconsequente ("pelo bem de tudo e de todos" é uma afirmação que pode ser afirmada quer pela Igreja católica, quer pela UGT, quer pelas associações empresariais, sem problema algum, pois em nada modifica a realidade social) conduz a um elitismo fechado, ao afastamento e distanciamento das bases, através da prática de uma censura interna assumida de forma natural pela Direcção,  não se gerando em consequência a indispensável discussão livre de ideias nas bases, e conduzindo pelo contrário à sacralização (culto da personalidade) da própria liderança, a qual vai reforçando a ideia da sua sapiência junto das bases.



II - O LADO "B" DO PAN

Obviamente que se trata à partida, de um movimento que parte do activismo dos militantes do PAN inconformados  com a "paz de cemitério" reinante, e sentem que é necessário fazer algo para que o PAN tenha vida para além da meditação!

O lado B do PAN, com liderança assumida por António Rui Santos,  está mais ligado às associações dos amigos dos animais, às suas preocupações e problemas concretos, aparecendo com uma conotação marcadamente mais "animalista": as pessoas no lado B do PAN são consideradas fundamentais para dar voz a quem não a tem, na luta contra a crueldade e violência a que estão sujeitos os animais em causa no quotidiano da nossa sociedade.

No entanto a vertente humanista está presente no lado B do PAN, uma vez que é reconhecido pelo lado B do PAN que o bem estar e a qualidade de vida das pessoas é fundamental para garantir o bem estar nomeadamente dos animais de companhia.

O lado B do PAN é por isso caracterizado por um grande activismo das bases, e por uma grande aproximação e preocupação com os problemas concretos dos animais, e daí a sua ligação estreita às associações zoófilas.

Igualmente a vertente do respeito pelo equilíbrio dos ecossistemas naturais tende a ser assumido pelo lado B do PAN, em termos concretos, na luta concreta para resolver os problemas que afligem as populações em causa.

Portanto para o lado B do PAN  é fundamental a práxis política assente no dinamismo das bases, e na sua aproximação às organizações cívicas, amigas dos animais e da natureza, prontificando-se para liderar a luta e a resolução dos problemas concretos em causa. Como tal o PAN do lado B, é levado a caracterizar-se pela participação activa de todos os militantes, nascendo as orientações do partido directamente da discussão nas bases, discussão essa centrada fundamentalmente  na determinação de qual a práxis política mais adequada à resolução dos problemas concretos e à afirmação do PAN na liderança dessa luta no terreno.

O PAN sob a liderança do lado B, só poderá ser um partido vivo, com grande discussão de ideias nas bases, mas ideias essas viradas não para a discussão conceptual e teórica, mas  para a resolução dos problemas concretos dos animais e ecológicos, que pretendem de facto ajudar a resolver. As ideias do lado B do PAN têm a ver com a realidade do quotidiano, e são orientadas pela luta concreta pelo bem dos animais e da natureza, sem necessidade de enquadramento teórico  numa linha filosófica ou teológica, pois o lado B do PAN é movido não só pela solidariedade concreta das pessoas com as pessoas, mas fundamentalmente pela  solidariedade concreta das pessoas pelos animais e pela natureza.
 

III -  DIFERENÇAS FUNDAMENTAIS   ENTRE O LADO "A" E O LADO "B" DO PAN !

1- Quanto à linha conceptual:

- O lado A do PAN faz o enquadramento teórico da práxis política do PAN , assumindo uma visão holística e teológica, consagrada na defesa da unidade da causa das  pessoas, animais e  natureza;

- o lado B do PAN assume uma práxis política virada para a conquista das pessoas amigas dos animais e da natureza, levando-as a envolverem-se na resolução concreta dos problemas enfrentados pelos animais e pela natureza. A visão do lado B do PAN é eminentemente teleológica, pois busca atingir fins ligados ao bem estar concreto dos animais e da natureza.


2 - Quanto ao dinamismo partidário:

- o lado A do PAN caracteriza-se por uma prática "elitista" que se assume "sapiente" perante as orientações que dirige para as bases. As bases tendem a afastar-se e a  distanciar-se da sua liderança e a mostrarem desconhecimento do que está a ser feito pelo PAN, pois a discussão livre de ideias é oficialmente travada pela direcção, por forma a evitar ruído e discordâncias indesejáveis face ás linhas de orientação traçadas de cima para baixo;

- o lado B do PAN caracteriza-se pelo activismo político das suas bases, fomentado naturalmente pela direcção, já que pela natureza dos seus objectivos ligados á resolução dos problemas concretos enfrentados pelas associações respectivas, tenderá a estar no terreno, lutando lado a lado com essas associações para resolver os  inúmeros problemas concretos  ligados à crueldade e violência de que são vítimas os animais respectivos e os problemas concretos ligados aos equilíbrios ecológicos: onde estiver um animal em sofrimento, seja humano ou não humano) o lado B do PAN faz questão de dizer presente!
O lado B do PAN incentiva a livre discussão de ideias nas bases, da qual surgirão propostas concretas para a actuação quotidiana e para a práxis política  do PAN, e como as bases conhecem melhor os problemas a resolver, então terão um papel central na definição das orientações da práxis política do PAN as quais tendem  a subir das bases para a Direcção.


3 - Quanto ao futuro do PAN

- a práxis política elitista que caracteriza o lado A do PAN tenderá a crescentemente conformar as bases militantes com uma "paz de cemitério", inerente à defesa militante da meditação, e á desvalorização intelectual da luta e do empenhamento do PAN no terreno visando a resolução de problemas concretos.
Por isso o lado A do PAN tenderá a reforçar o culto da personalidade dos seus dirigentes, os quais tendencialmente tenderão a ser mais "chefes" que "líderes" do PAN, já que tendem a perder uma ligação real às bases, assumindo-se antes como "educadores" das mesmas.
O lado A do PAN dificilmente fará crescer o número de militantes de forma significativa, pois os militantes serão levados de forma natural a reflectirem sobre o que estão  a fazer e o o quê no PAN, se nem sabem ás quantas anda o PAN!

- a práxis política do lado B do PAN por que assente no activismo das bases, privilegiando a ligação à resolução dos problemas concretos dos animais, tenderá a promover um estreitamento de actuação com as organizações cívicas  amigas dos animais, e por essa via tenderá a afirmar o PAN como um partido vivo, no terreno, e com bandeiras concretas nas lutas pelo bem das pessoas nomeadamente se esse bem estar afecta o bem estar dos animais, e na mobilização das pessoas (a começar pelos militantes) amigas dos animais para a resolução dos problemas de violência e crueldade a que estes são sujeitos e para os problemas concretos relativos aos equilíbrios ecológicos, sempre que estes sejam postos em causa..
O lado B do PAN por que mais cimentado com o terreno das lutas concretas, tenderá a ser  menos teórico, e menos conceptual, mas mais amigo da democracia directa e participada dos seus militantes, e como tal, tenderá a afirmar o PAN com maior pujança no crescimento do seu número de militantes e simpatizantes, com óbvios resultados positivos ao nível eleitoral!    
    

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