Começamos a nossa infância dizendo "isto é meu"! Continuamos adulando os nossos valores egocêntricos e desejamos mesmo o que não é nosso, só por que entendemos que nós é que temos direito a ter! E o TER desenvolve mais e mais o egocentrismo, e por essa via dificilmente passamos do entendimento da ética como consistindo em estarmos bem com nós próprios.
Trata-se de uma ética autárquica. Só com o desprendimento do TER e a valorização do SER seremos capazes de alcançar uma ética de valores humanistas, a qual traduz já uma visão do respeito mútuo e a noção de que a nossa liberdade pára onde começa a liberdade do outro!
Quem defende valores humanistas desejará fazer ao outro o que gostaria que o outro lhe fizesse. Implica uma compreensão biunívoca de valores: nós e os outros, o que arrasta á ponderação do interesse geral face aos nossos interesses particulares.
Mas somente quando almejamos valores éticos universais estaremos em condições de compreender e praticar o amor incondicional e teremos capacidade de discernimento para reconhecer no outro, tal como em nós, todo o direito à sua felicidade natural.
É esta visão universal dos valores éticos, a qual pressupõe uma visão biocêntrica do Universo, que nos torna capazes de desejar a fraternidade e a paz universais!
E a fraternidade e a paz universais pressupõem que já ultrapassamos a barreira dos valores humanistas, e que aceitamos plenamente e de forma incondicional que todos os seres sencientes têm direito a ter direitos, ao respeito mútuo e à sua dignidade e felicidade natural.
Para termos a capacidade de sermos amigos dos seres sencientes (humanos e não humanos) e da Natureza, para abraçarmos coerentemente as suas causas, e para fazer delas causas nossas, teremos forçosamente de estar abertos a uma visão holística do Universo e consequentemente à prática e respeito pelos valores éticos universais!
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