terça-feira, 12 de junho de 2012

A ESPANHA, A U. E. E NÓS: QUE OPÇÕES ?

Foi anunciado o apoio da UE a uma linha de crédito de 100 mil milhões de euros a Espanha, para possibilitar que a banca espanhola, respire saúde financeira. Foi dito que esse apoio foi definido a uma taxa de 3% .

Os países membros da U. E. sujeitos a "resgate" financeiro da UE/FMI, logo vieram a terreiro reclamar "benesses" iguais às concedidas pela U. E. a Espanha!

Esta situação marca a U. E. dos tempos de hoje, na qual imperam os egoísmos nacionais, e a falta de coesão económico-social.


Desde a crise do "subprime" de 2008 exportado pelos EUA para a U. E. que os Estados da UE registaram subidas em flecha dos seus défices orçamentais (passaram de 3%  para 9% - ou seja uma subida de 200%), e começaram a vir ao de cima, os negócios "piramidais" que circulavam por toda a banca, e que afectaram significativamente alguns países:  EUA, Islândia,  Irlanda e a Espanha.

A U. E. ao invés de delinear uma estratégia de ataque global (visto que se trata de causas e consequências globais) quer às crises orçamentais, quer às crises financeiras derivadas das dívidas soberanas (das quais a dívida privada é e foi sempre o maior problema), deixou-se manietar  pelos egoísmos nacionais liderados pela Srª Merkel (Alemanha) e pelo Sr. Sarkozi (França).

Assim a tomada de medidas para combater as crises da Dívida Soberana, ao invés de passar por medidas claras ao nível do BCE (emissão de obrigações europeias, e financiamento directo aos países atingidos pelos défices orçamentais e dívida soberana, e linhas de crédito aos Bancos desses países, financiamento esse que obviamente seria bem estudado e assentaria em garantias da sua recuperação pelo BCE ), como seria o procedimento natural e necessário, assentou nos chamados "planos de resgate" impostos pela Alemanha/França, com o acordo passivo e subserviente da Comissão Europeia, liderada pelo "espantalho" Barroso.

Esses planos de resgate impostos pela Merkel/Sarkozi, conduziram ao desastre (e continuam a conduzir) económico-social os países pelos mesmos afectados, (todos sem excepção: Grécia, Portugal, Irlanda) já que foram obrigados ás mesmas  cegas medidas de austeridade, que implicaram fortes recessões económicas, as quais  simultaneamente estancaram a subida das receitas fiscais desses estados e provocaram subidas de taxas de desemprego para níveis nunca vistos nesses países.

Simultaneamente com a recessão económica, a dívida soberana desses países aumenta, e igualmente aumentam os seus défices orçamentais, pois Merkel/Sarkozi impõem que a reestruturação financeira dos bancos passe pelo acréscimo da dívida pública!!!


Esses países não souberam unir-se para baterem o pé ao eixo franco-alemão! Por isso Merkel/Sarkozi sentiram-se todo poderosos para impor a todos os Estados Membros da U. E. essas medidas de austeridade, mesmo independentemente dos ditos "resgates financeiros" com intervenção do FMI. Daí que a recessão económica (ou estagnação) se estendeu a toda a U.E., com honrosa excepção dos Estados Membros que não foram afligidos pela subida dos défices orçamentais provocados pela crise do subprime. Entre eles a Alemanha, a qual passou inclusive a beneficiar de financiamento da sua economia com taxas de juro próximo do zero, enquanto os países "periféricos" o passaram a fazer com taxas da ordem dos 7%!!!


Note-se a patifaria de Merkel/Sarkozi: impediram sempre o financiamento directo do BCE aos Estados membros, mas agora obrigam os Estados Membros a assumirem a reestruturação financeira  dos seus bancos comerciais, os quais foram financiados directamente pelo BCE a taxas de 1% !!!!!!!!!!!!!


Ora é essa mesma lógica do "egoísmo nacional" que está a levar os países periféricos a "quererem" que também a Espanha passe pelas brasas do resgate da UE/ FMI! Ou seja, cegos pelo seu egoísmo que não lhes permitiu a unidade de esforços para combater a política colonialista Franco-Alemã, os Estados Membros da U. E. berram a Espanha: também tu deves ser condenado ás penas do inferno! Esquecem inclusive que Espanha já está no inferno há muito tempo, pois já há alguns anos que tem taxas de desemprego na ordem dos 20%!

Chegados aqui, os Estados Membros e a U. E. estão confrontados com várias opções:

I-chegam à conclusão que sem coesão económico-social, a U. E. é inviável, e nomeadamente não é viável a sua União Monetária à volta do EURO, e ultrapassando os egoísmos nacionais (tão bem utilizados pela Merkel/Sarkozi para reinarem) exigem medidas globais da U. E. para a resolução da crise da dívida soberana (nomeadamente avançam os eurobonds e o financiamento directo do BCE a esses estados);

II-continuam com o seu divisionismo absurdo e egoísta, e aceitam continuar a ser financeiramente colonizados pela Alemanha (agora com a oposição francesa de Hollande), e não haverá obviamente solução para a crise da dívida soberana, e os Estados Membros vão caindo um a um nas garras dos mercados financeiros especulativos sob a batuta das empresas de rating (ao serviço desses especuladores financeiros, seus accionistas!).



III- a U.E. liderada pela Alemanha, forma os "Estados Unidos da Europa" a duas velocidades (a duas moedas) : os países do Centro com o seu EURO a valorizar, e os países periféricos com o seu EURO a desvalorizar. Isso seria transformar de facto em colónias da UE à 1ª velocidade, os países que ficassem no segundo pelotão. Os países do SUL seriam então os tais preguiçosos, com mão de obra barata, que permitiriam a "deslocalização" de investimentos do Centro para o Sul da UE, como forma de estancar a subida dos salários nos países do dito 1º pelotão! Esta situação não nos parece sequer viável, pois conduziria de facto ao deflagrar da UE, a qual arriscar-se-ia a existir com apenas os países do dito centro (Alemanha, França, Holanda, ...) sendo que os países periféricos "dariam à vila de Diogo" (sairiam todos do "maldito euro"). Talvez com uma guerra pelo meio ...na qual o Reino Unido e os EUA seriam os aliados preferenciais dos países periféricos! :)


IV- A Alemanha, com a preciosa ajuda da França de  Hollande, é posta pelos demais Estados Membros da U. E:  "em su sítio", e o BCE seria finalmente liberto das amarras de Merkel, e seriam delineadas políticas estratégicas ao nívem da U. E. para de facto resolver os problemas da dívida soberana (as quais estão a ser artificialmente inchadas pela Alemanha, em proveito próprio, mas prejudicando os países vítimas dessa política alemã de os obrigar a incorporar na dívida pública a reestruturação financeira dos bancos). Seria esse o caminho que devia ter sido seguido desde o início, e agora tornado possível com a derrota de Sarkozi. Uma derrota eleitoral da Merkel na Alemanha também ajudaria!


V - A U. E. caminha para os Estados Unidos da Europa, com o seu Parlamento Europeu, e com um Governo Europeu (saído do parlamento europeu), e põe em prática a indispensável política de coesão económico-social (abafada nos tratados em vigor), com um BCE a sério (emissor de moeda, e financiador e regulador do crédito bancário nos EUE). Este será o verdadeiro caminho que se impõe ser seguido com a maior velocidade única possível, após a implementação da política definida no ponto IV supra.  

Por isso, ou a U.E. ganha solidariedade política inter Estados Membros a caminho da real coesão económico-social,    harmonizando as suas políticas fiscais, sociais, salariais e de crédito, e formando os Estados Unidos da Europa, com instituições democráticas (e não eurocráticas como sucede actualmente) ou a Zona EURO por certo implodirá  ("já era") , e a U. E. poderá muito bem seguir-lhe os passos ... 








   

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