quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

PAI ? MAS QUAL PAI?


I - QUAL PAI NOSSO E QUAL CARAPUÇA !

Falamos de PAI em vários contextos, o que por vezes nos leva a dizer: "vai chamar Pai a outro"!
1. Deus PAI

Nesta versão de Pai, Deus será o nosso Criador, e nós não fazemos por menos: fomos criados à sua imagem e semelhança!

Portanto somos superiores a todas as demais espécies, e todos os demais seres vivos devem olhar para nós seres humanos, como imagens de deus, e devem prostar-se a nossos pés como meras "coisas móveis" pois só nós seres humanos temos "alma" divina.
Há sempre quem no entanto exagere, e queira afirmar que o PAI (Deus) apenas criou o homem à sua imagem e semelhança, ou seja a mulher, também não teria "alma" e como tal seria um ser inferior ao homem! Enfim trata-se de gente que tal como o actual Papa Francisco leva demais a sério os disparates bíblicos!
Um ponto importante a retermos é que o PAI Deus é omnipotente, omnisciente e omnipresente , o que levanta a questão da necessidade da confissão dos nossos pecados: se o PAI Deus tem aquelas três qualidades, então para que temos de confessar os nossos pecados a um padreco católico? Afinal esse Pai deus pode tudo, sabe tudo e está em todo o lado (daí devermos nunca nos esquecermos de por exemplo puxar o autoclismo, e nem devemos em momento algum apontar com o dedo indicador seja o que for, pois poderemos estar a espetar o dedo no Pai Deus, e ainda por cima não sabemos em que parte!).
Também podemos perguntar por que será que tanta gentinha anda a pedir favores ao PAI Deus, usando as igrejas e os padrecos como intermediários. Ora se o PAI deus sabe tudo e tudo pode, então para quê pedir-lhe favores, como se ele não soubesse as nossas necessidades? Chega-se ao cúmulo de haver jogadores que pedem a deus para a sua equipa ganhar à outa equipa adversária, esquecendo-se que se a outra equipa fizer o mesmo, o jogo só pode sair empatado! Enfim muita gentinha trata o PAI Deus como se ele fosse algum Padrinho da Casa Nostra!

2. O PAI TERRESTRE

Trata-se de um  Pai vulgar, que não tem outro remédio senão trabalhar toda a vida para sustentar os seus filhos, independentemente de o seu  Pai concepcional poder bem ser outro.
Para que tudo funcione normalmente nada como não se fazerem testes de ADN, pois caso contrário o caldo pode sai entornado!
De qualquer das formas o Pai vulgar é um bom filho da Mãe, tal como os seus ditos filhos, pelo que, o melhor é também obedecer à mãe, independentemente de na Igreja o Padre lhe dizer que a mulher é inferior ao homem.
Já quando o Padre diz na Igreja que a mulher (a EVA) é a fonte do pecado, aí o Pai sabe que é verdade, e por isso sabe bem que,  se quer continuar a pecar no bem bom com ela, o melhor é mesmo fazer-lhe a vontade e ponto final.

Se o Pai é um empresário de sucesso, então será um Pai fixe, e no aniversário do filho até lhe poderá oferecer um Jipe ou coisa no género.
Se o Pai é um trabalhador, pois,  o  filho,  terá de se governar com o "pão com côdea", que o salário permita comprar, variando isso conforme as situações:
- Se o Pai for um trabalhador alemão, melhor para o filho, pois tem um bom nível de vida!
- Se o Pai for um cidadão Suìço, então será civicamente desenvolvido e até terá direitos pós-eleitorais para impugnar decisões do Governo que prejudiquem a família!
- Se o Pai for um português indigente, pois azar o do filho, que não só poderá ter de interromper os estudos na Universidade, como poderá ter de emigrar se não quiser enfileirar as filas da "sopa dos pobres" tão caritativamente criada pelo Governo, para os desempregados que tão arduamente insiste em gerar com a sua política de austeridade (para o trabalhador) custe o que custar!


3. O PAI NATAL

Nesse nem vale a pena falar, pois morre aos três anos de idade do filho, ou seja, antes de este se aperceber que há um dia do Pai!


4. O PAI EMPRESTADO

É um caso muito particular, em que se sabe desde o início que o Pai foi outro!
Todos conhecemos o caso do S. José, que aceitou a Virgem (salvo seja) grávida do filhote Jesus, e tudo isso com a bênção de um anjo malandrote que se antecipou ao PAI Deus.
Ninguém gosta de ser chamado de filho bastardo e por isso geram-se situações anómalas no relacionamento filho-Pai Padrasto:
- uns filhos reconhecem o Padrasto como Pai;
- outros filhos dizem que são filhos de Deus  (como afinal somos todos nós) e que o Padrasto não risca nada! É uma situação de contestação da autoridade que pode resultar na crucificação do filho rebelde armado em filho predilecto do Pai Deus!


5. O PAI Norte Koreano

É uma situação muito particular, na qual o filho o chama de querido Pai , quando o que lhe apetecia era dizer-lhe para ir chamar filho a outro!



II - CASE STUDY : O CASO DO 1º MINISTRO QUE QUER ARMAR EM PAI PADRINHO!

Esta ideia do Governo convidar os cidadãos a formarem "movimentos" no portal do Governo, sendo que o mais votados tem direito a uma entrevista com o 1º Ministro, faz-me lembrar os filmes mafiosos em que se vê o " beija mão ao Padrinho", a que são chamados os mafiosos da "casa nostra" que mais contribuíram para a causa.

Este paternalismo (induz os cidadãos ao comportamento infantil do beija mão, indutor de uma cunha de favor ao 1º Ministro), é ofensivo de um regime democrático , dotado de Instituições competentes, e dotado de leis que regem a sociedade, e pelas quais os cidadãos se devem pautar, não num regime de subserviência infantilizada, mas como cidadãos de pleno direito, assim consagrados pela CRP.

Marcelo Caetano tinha as suas "conversas em família" : era uma forma de tentar aproximação aos portugueses, os quais inconscientemente  absorviam essas comunicações como membros da família governamental representada pelo Patriarca 1º Ministro. Ao mesmo tempo, o Governo de Marcelo, fazia subir de forma sucessiva os preços dos bens alimentares, mas não os salários.

Passos Coelho, vai no mesmo sentido, ao mesmo tempo que convida os cidadãos a concorrerem quais meninos à procura do rebuçado (a entrevista com sua Excelência, com cheiro a  "cunha, a favor ") e ao mesmo tempo aplica uma política económica que retira os direitos a quem trabalha, carrega com impostos e espolia dos seus rendimentos os trabalhadores e os reformados, deixando-os na penúria e até na incapacidade de solver os seus compromissos , atirando-os para a insolvência.

Ao mesmo tempo que o 1º Ministro faz figura de "bom Padrinho", os cidadãos ficam sem rendimento disponível para comprarem bens do seu cabaz familiar (alimentação, educação, saúde e habitação com água e luz), as PMEs não conseguem vender, nem têm crédito para o seu fundo de maneio e ora fazem despedimentos colectivos, ora vão para a insolvência, e a recessão económica caminha para o "holocausto à grega".

Ao mesmo tempo que o 1º Ministro faz figura paternalista de cidadãos infantilizados (em vez de cidadãos exigentes como seria o timbre numa democracia participada) , publicamente o Governo vem avisar que a única alternativa para o crescente desemprego, resultante da sua política económica é a emigração, o "adeus pátria".

Ao mesmo tempo que pretende infantilizar os cidadãos  portugueses, o 1º Ministro, prepara a entrega ao capital estrangeiro das melhores e mais lucrativas empresas públicas, as quais por gerirem recursos naturais soberanos, teriam de ficar na esfera da gestão do Estado português, como imposto pelo artigo 84 da CRP, ao mesmo tempo que assegura que os "barões" ex-ministrios (os quais negociaram previamente com a TROIKA essas alienações) ocupem faustosos lugares, principescamente remunerados, enquanto os cidadãos pagam as respectivas subidas de preços seja na electricidade, nos combustíveis ou no gás!

Ao mesmo tempo que procura infantilizar os cidadãos portugueses, o 1º Ministro reduz-los à miséria social e ao desemprego, tendo como alternativas a sopa dos pobres ou a emigração, e tudo isto nas barbas do PR, (e o Governo pretende isola-lo crescentemente, oferecendo "tachos" saborosos aos ex-ministros Cavaquistas, como aliás já tinha feito o mesmo com Santana Lopes),  o qual já nos habituou a incumprir a CRP por omissão.

Finalmente este ar primaveril Marcelista  do 1º Ministro,  armado em "pai Natal" dos cidadãos bem comportados, acaba por aprofundar ainda mais a "partidocracia", o que acaba por refletir a verdade actual da nossa democracia: está subjugada aos chefes partidários, os quais à custa de algumas mordomias aos deputados (vencimentos, ajudas de custo, refeições luxuosas a preços inferiores praticados nas cantinas escolares, ...) corrompe toda a vida pública e política portuguesa. 

As sociedades democráticas caracterizam-se por respeitarem um Estado de Direito, por elaborarem leis que servem o interesse geral dos cidadãos e o bem comum, e não por cunhas informais ao 1º Ministro, o qual ao proceder dessa forma enquanto de facto avilta a vida quotidiana dos cidadãos que trabalham, revela a sua verdadeira imagem: alguém que vai prometendo umas coisas e vai fazendo exactamente o contrário do que prometeu!

Nós cidadãos não queremos meter cunhas a 1ºs Ministros disfarçados de bons  Padrinhos, queremos e exigimos que sejam respeitados os nossos direitos constitucionais, e exigimos leis que sirvam o interesse geral do país, da sociedade e do bem comum dos cidadãos, e não leis que apenas servem para enriquecer os interesses económicos, bem representados  no próprio Governo! 

2 comentários:

  1. E como sempre é o povão que se dá mal... é assim mesmo no atual modelo democrático, não apenas em Portugal, no Brasil também é assim. Os interesses (dos) políticos parecem estar acima dos direitos dos cidadãos, cidadãos que elegeram esses políticos para representar seus interesses!!!

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  2. Verdade Ana Paula, para os políticos em geral governarem bem e a favor do interesse da sociedade, é necessário que os eleitores detenham poderes de participação directa nas grandes decisões públicas. A democracia representativa é insuficiente, é necessário instaurar a Demarquia!

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