sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A MATRIZ NATURAL FRATICIDA DOS SERES VIVOS! O CASO PARTICULAR DOS SERES HUMANOS!

I - CADEIA ALIMENTAR : A LUTA FRATICIDA PELA SOBREVIVÊNCIA

1. A cadeia alimentar natural
 
 A Natureza é a nossa progenitora, e suponho que ninguém duvida que as plantas, as árvores, as flores, os vegetais, as nabiças e os nabos, ...são de facto seres vivos! Nós bem como toda a biodiversidade já passamos pela génese das plantas, das quais nos distingue a auto-locomoção, e um cérebro, um sistema nervoso e órgãos sensoriais  mais desenvolvidos que o do mundo vegetal em geral.
No entanto todos os seres vivos têm um sistema nervoso, mais ou menos incipiente,  mas sempre adaptado ás condições naturais da sua espécie, por forma a sobreviverem.
Dito isto, é óbvio que as plantas sofrem, é óbvio que as árvores sofrem, é óbvio que as flores sofrem, ..., pois se todos os seres vivos são dotados de sistema nervoso, claro que reagem ás condições adversas na medida das suas defesas naturais, e obviamente que está demonstrado que as plantas comunicam umas com as outras através de reacções bio-químicas, desenvolvendo mecanismos de auto-defesa uns mais capazes que outros.
Também não vale a pena negar que todas as espécies de seres vivos, têm a matriz natural, mais desenvolvida num sentido ou noutro, de luta pela sobrevivência da espécie, da sobrevivência do grupo, da sobrevivência do indívíduo, e que muitas vezes essa sobrevivência é assegurada mediante a aniquilação de indivíduos de outra espécie, nomeadamente no que à alimentação se refere.
Podemos até apontar o caso extremo de canibalismo natural utilizado em algumas espécies de seres vivos para melhor assegurarem a sobrevivência do indivíduo e da espécie: o caso dos tubarões, que de acordo com estudos científicos são gerados gémeos, e um deles alimenta-se do outro em pleno ventre da mãe, só nascendo por conseguinte  um deles.
O ciclo da alimentação, seja no mar, seja na terra, seja no ar, evidencia-nos que umas espécies sobrevivem alimentando-se de indivíduos de outras espécies, e isso é um comportamento natural e propiciado pela mãe natureza.
De uma forma geral, essa sobrevivência à custa da aniquilação de outras espécies é meramente alimentar, embora saibamos que por exemplo os gatos domésticos, com alimentação caseira assegurada, sempre que têm terra ao seu dispôr divertem-se caçando outros animais, divertindo-se com a sua captura e assassinando-os, sem que necessariamente se alimentem dos mesmos. Trata-se obviamente de dar vazão a um instinto natural, no seu contexto artificial de domesticação, e como é óbvio os gatos (tal como os demais animais que não os humanos)  não têm a valoração do mal e do bem, isto é não valoram sequer a possibilidade de o animal que estão a aniquilar sofrer ou não sofrer, limitam-se a adoptar um comportamento para o qual foram vocacionados pela mãe natureza.

2. O caso particular dos seres humanos

Com base no acima exposto, podemos perguntar se, sendo os seres humanos, dos seres vivos sencientes com um sistema nervoso mais desenvolvido, e nomeadamente detendo uma capacidade neuro-linguística que os dotaram com a capacidade de valorar abstratamente o que é o bem e o que é o mal, o que é fazer o bem e o que é fazer o mal, se não deverão por conseguinte valorar adequadamente a capacidade de sofrimento e de prazer dos outros seres vivos.
O que nos distingue efectivamente dos demais animais sencientes é a nossa capacidade ética, e o problema será sempre o de avaliarmos em que estádio nos colocamos ao nível dos valores éticos pelos quais estamos aptos a orientar-nos.
Colocamo-nos ao nível dos demais animais sencientes selvagens, se pura e simplesmente matamos para sobreviver, se pura e simplesmente nos alimentamos dos cadáveres dos outros animais, e a esse nível estamos despidos de valores éticos, já que nos situamos, circunstancialmente, na cadeia animal natural.
Mas dada a nossa natureza vegetariana e recolectora primordial, obviamente que os nossos alimentos naturais em circunstãncias normais, deveriam ser os frutos, e nessa fase, e só nessa, não faríamos depender a nossa sobrevivência da aniquilação de indivíduos de outras espécies fossem eles seres vivos vegetais ou animais.
Dada a nossa constituição fisiológica, é óbvio que o nosso organismo está vocacionado para uma alimentação com base nos frutos e nos vegetais /cereais. No entanto em determinadas circunstãncias alimentamo-nos de tudo, aniquilando para esse efeito outros seres vivos animais, independentemente do seu grau de senciência. É o caso nas situações de invernia, nas quais arredados da alimentação natural frutífera, nos vemos constrangidos a alimentar-nos de carne de cadáver de outros animais.
Mas uma vez regressada a possibilidade de a mãe terra nos disponibilizar os seus frutos, celebramos essa era primaveril, de regresso a uma alimentação mais sadia, e do nosso regresso, e dos demais animais  aos campos, para o cultivo de cereais, vegetais e das árvores. Celebramos o carnaval o qual marca o fim da alimentação carnívora a que estavamos constrangidos na era invernosa (nas aldeias a alimentação no inverno era muito baseada na "salga" do porco, por forma a que a sua carne permanecesse saudável até á primavera), e por exemplo na Figueira da Foz celebra-se em finais de Março (este ano a 30 de março) o "enterro do bacalhau", marcando o fim da dependência da alimentação humana desse peixe, durante a fase do inverno.
Uma vez que a nossa evolução histórica e sócio-cultural nos conduziu á possibilidade de uma visão biocêntrica e holística do universo, ficamos capacitados de nos orientarmos por valores éticos universais e não meramente humanistas ou antropocêntricos. Dessa forma procuramos ter uma alimentação sadia, e evitamos ao mesmo tempo o sofrimento dos demais seres vivos animais, os quais se tornaram dispensáveis de facto para a nossa sobrevivência como espécie.
Essa alimentação sadia baseada em vegetais, cereais e frutos, é condizente com a melhor saúde do nosso organismo, já que permite evitar a retenção por tempo demasiado (as nossas tripas são demasiado longas) de toxinas prejudiciais inerentes a uma alimentação carnívora.
Acontece que o estádio normal dos valores éticos da humanidade em geral está fortemente condicionada pelo tipo de organização de produção social de riqueza adoptado pelas nossas sociedades, e nomeadamente as economias de mercado baseadas no modo de produção capitalista actualmente dominante, faz do lucro e da sua acumulação, um factor enviezante e extremamente prejudicial, a todos os níveis, da prática concreta dos valores éticos antropocêntricos, tornando difícil que os seres humanos em geral atinjam efectivamente a praxis de valores éticos universais, que os conduziriam a uma sociedade  mais solidária e no campo particular em discussão, a uma alimentação vegetarana / vegana indiscutivelmente mais saudável e compatível com uma ética universal de solidariedade humana, animal e ambiental.
Por outro lado e para piorar, os seres humanos multiplicaram-se em demasia, invadiram o planeta terra, e prosseguindo os valores últimos do máximo lucro para os detentores dos meios de produção, tornaram-se predadores da própria natureza e das demais espécies de seres vivos naturais.              
Em nome do lucro, os seres humanos dão inclusive ao luxo de se divertirem com a tortura dos outros animais, com espectáculos bárbaros e trogloditas das touradas, e do tiro de chumbo aos pombos.
Trata-se obviamente de comportamentos sádicos, ditados por interesses económicos particulares e que nos colocam ao nivel ético dos gatos domésticos, os quais embora sem o ditame do lucro, se deixam possuir  pelo seu instinto natural de matar outros animais, sem que seja para se alimentarem dos mesmos (mas o gato é um animal essencialmente carnívoro, ao contrário do ser humano).
No caso dos gatos a sua psicopatia é gerada pela domesticação dos mesmos pelos seres humanos, os quais ao propiciarem-lhe a alimentação necessária, tornam dispensável que os mesmos se alimentem de outros animais, mas a sua matriz  natural leva-os a continuarem a assassinar os demais animais, que em condições normais constituiriam o seu alimento natural na respectiva cadeia alimentar.    



II - ALIMENTAÇÃO HUMANA CARNÍVORA E COLAPSO ECOLÓGICO

Somos já "milhares de milhões" a povoar o nosso planeta, o qual não estica, e tem recursos renováveis limitados.
No actual estádio de desenvolvimento da humanidade, no qual por um lado a população mundial continua a crescer, mas por outro lado se reconhecem limites ao crescimento económico para a sua sustentabilidade, temos de questionar algumas variáveis fundamentais:
- será possível continuarmos a manter uma base alimentar baseada nos cadáveres dos outros animais, sabendo que essa alimentação assenta numa industrialização massiva da produção de carne animal, a qual nos obriga a ocupar crescentemente terrenos agrícolas, para a produção exclusiva de alimentos destinados a esses animais, já que essa indústria carnívora, não é compatível com a pastagem normal desses animais, e por isso os amontoa aos milhares em autênticos campos de concentração, sem as mínimas condições sequer para a sua mobilidade?
- e se, em virtude dessa indústria massiva da produção de carne animal, os terrenos agrícolas escasseiam para a produção de cereais necessários para a nossa alimentação, que dizer da água, que cada vez mais se vai tornando num recurso escasso para a humanidade, sabendo que a produção de cada quilograma de carne, obriga ao dispêndio de mais de 15 mil litros de água?
-a par das limitações dos recursos fundamentais (terrenos agrícolas e água), torna-se essencial perguntarmos: o contínuo crescimento da população mundial será desejável e compatível com a necessidade de preservarmos o equilíbrio ecológico do nosso ecossistema natural?
São apenas algumas questões que visam alertar-nos para a encruzilhada em que os seres humanos se encontram, derivadas de opções erradas relativas à sua base alimentar, as quais esbarram contra.
* a necessidade de haver terrenos agrícolas destinados à produção de cereais apropriados à alimentação humana;
* a necessidade de preservarmos o recurso escasso da água;
* a necessidade de preservarmos as nossas florestas.
Por outro lado, nomeadamente nos países menos desenvolvidos, mais populosos e com maiores taxas de fertilidade, impõe-se a adopção de políticas de natalidade, que com eficácia consigam orientar as respectivas populações na auto-limitação do seu crescimento populacional.
Não estamos sós no planeta terra, os outros animais também têm direito ao seu território natural, e todos, seres humanos e não humanos não conseguiremos ter um amanhã minimamente qualitativo, se não soubermos preservar o equilíbrio ecológico da natureza, do qual todos dependemos e ao qual todos estamos interligados.
A continuar este massacre quotidiano de animais nos matadouros para nos alimentarem, em nome do lucro e da sua acumulação e concentração em poucas mãos, como será a raça humana no futuro, se está a ser quotidianamente intoxicada, com hormonas, transgénicos, antibióticos, elementos que estão presentes na alimentação industrial desses animais, que depois de tornados cadáveres vão servir para a nossa alimentação? 

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