sexta-feira, 11 de novembro de 2011

DO VOTO ÚTIL E DA INDIGNAÇÃO AO VOTO DE CONVICÇÃO!

Começamos por constatar que o chamado  "voto útil" tem conduzido sempre ao mesmo: PS é governo com PCP+BE na oposição de esquerda, e PSD+CDS na oposição de direita.Ou então: PSD+CDS no governo e PS na oposição dita responsável (???) e PCP+BE na oposição de esquerda.
Resultado: os governos do nosso país  têm sido pautado pelas políticas do PS ou do PSD+CDS. 



E em que diferem ou têm diferido essas políticas? Em praticamente nada, até porque as políticas económicas e financeiras têm sido ditadas pela UE e tudo  indicia que o serão cada vez mais.


Pela sua postura e posicionamento quanto aos interesses perseguidos,  o PSD+CDS são levados a adoptarem práticas políticas favorecendo interesses da Igreja Católica, e mais próximas dos interesses dos lobbies empresariais mais ligados aos sectores tradicionais da economia  (para os quais os trabalhadores não devem ter direitos, como defende o actual ministro da economia).


O PS assume defender os interesses de quem trabalha, mas na prática aceita todas as orientações neo-liberais que vêm da UE (flexidade dos despedimentos,...), e essa aceitação chega a ser  inclusive vincada pelos dirigentes sindicais da UGT (com o seu habitual sorriso amarelo)!


E o PCP e o BE o que têm feito? Oposição de esquerda. E o que é isso, ou em que medida isso tem servido para alguma coisa? Os trabalhadores cada vez vão tendo mais dificuldades em aguentar o custo de vida e os impostos que lhe têm caído em cima do lombo, por isso tem-se tornado  mais fácil ao PCP e aos  sindicatos por si controlados ( CGTP) fazerem  manifestações: pelo direito ao trabalho, ..., e fica tudo na mesma ou pior, até porque essas manifestações geralmente são efectuadas depois dos factos consumados!


O BE tem demonstrado intervenções assertivas em situações pontuais, causando incómodos ao Governo, mas como o Governo sabe que o BE está isolado (o PCP não ajuda muito as iniciativas do BE, e o PS assobia para o lado), os Governos continuam  a fazer asneiradas. em prejuízo dos trabalhadores e beneficiando sempre os mesmos: os donos do dinheiro.


Perante este estado de coisas, o voto útil apenas tem conduzido a mais do mesmo: entrega de sectores económicos estratégicos para a soberania nacional a grupos económicos, com isso gerando aumentos gerais de preços e recessão na economia,  e sempre piorando o estado de coisas nomeadamente para quem trabalha, que crescentemente se vê despojado do seu rendimento disponível, e ao mesmo tempo assiste ao aumento do desemprego.


Esse tipo de governação apenas tem gerado indignação na maioria dos cidadãos, e essa indignação conhece limites, contemplados na CRP (artº 21º) que consagra o direito à resistência dos cidadãos perante o abuso do poder, a ausência de informação, e as negociatas e o servilismo dos interesses particulares, praticados de má fé (pois não contemplados nas respectivas promessas eleitorais ) pelos governantes.

Não constitui  solução pretender combater essa indignação, com o alheamento dos actos eleitorais, com a abstenção, pois essas recusas de exercer responsavelmente o direito de voto,  acabam afinal, por ratificar os governos dos "indignos", ou seja daqueles que em campanha eleitoral prometem servir o interesse geral da sociedade, e que uma vez eleitos se dedicam a servir sem hesitações,  interesses particulares, e os seus próprios interesses pessoais, em prejuízo dos cidadãos em geral e nomeadamente de quem trabalha e afinal cria toda a riqueza nacional!


Assim sendo, então venha lá o voto por convicção, convicção em valores de cooperação e solidariedade social, valores que se forem maioritários eleitoralmente poderão  transformar pela via jurídico-social,  este sistema jurídico-económico que conduz à exploração do homem pelo homem, ao desemprego em massa de milhões de pessoas,  transformando-o antes  num sistema  jurídico-económico baseado em leis de cooperação e solidariedade social, as quais  obrigarão à tomada de medidas que sirvam efectivamente o interesse geral e não os habituais interesses particulares, de quem detém o poder económico.


Põe-se a questão de esses valores conquistarem os votos maioritários  do eleitorado, o que passará necessariamente pela apresentação de programas de governo credíveis, isto é nos quais o eleitorado acredite que vale a pena votar,  acredite que são efectivamente exequíveis e acredite nas pessoas que integram os partidos políticos que os propôem.



Utopia?



Nem pensar, realismo imperativo, pois sabemos que temos de conquistar a maioria do eleitorado para o nosso paradigma de uma sociedade governada com equidade , justiça e solidariedade  social, contemplando os objectivos de bem estar qualitativo  dos cidadãos, o respeito pela dignidade e bem estar dos animais, e o respeito pelos equilíbrios dos nossos ecossistemas naturais, e o eleitorado será conquistado e identificar-se-á com programas credíveis e realistas, apresentados por cidadãos integrando partidos políticos que defendam e pratiquem de facto valores éticos universais, e se proponham refundar uma nova sociedade baseada na cooperação e no bem comum!

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