sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O NOSSO VERDADEIRO INIMIGO É A NOSSA IGNORÂNCIA !

Como já dizia Jesus, " Perdoai-lhes Pai, pois não sabem o que fazem", ou seja, o nosso verdadeiro inimigo consiste na nossa ignorãncia, na nossa preguiça em analizarmos os interesses em presença, para sabermos distinguir inimizades e interesses opostos, de inimigos e interesses antagónicos!

I -Exemplo de oposição de interesses, mas não de antagonismo:

 - Máximo salário versus máximo lucro 

O trabalhador e o empresário seu patrão, têm interesses opostos quanto à remuneração do trabalho
, o trabalhador quer ganhar mais e o empresário quer pagar menos. Mas isso não faz dos trabalhadores e dos empresários inimigos, têm sim interesses que podem conflituar (o máximo salário versus o máximo lucro), e terão até muitos outros interesses em comum (desde logo o investimento gera empregos e desenvolvimento económico).
Portanto é necessário sabermos analisar os diferentes pontos de vista em presença, os interesses que motivam esses pontos de vista , analisa-los, saber legitima-los, e adoptar uma posição prudencial, em termos de conseguir o equilíbrio possível e desejável aos interesses em presença, sempre que sejam circunstancialmente conflituais, mas não antagónicos.


II - Exemplo de antagonismo de interesses e de reais inimigos

 As touradas: o interesse dos promotores das touradas  e os animais touros

No caso das touradas, os amigos dos animais defendem e revoltam-se contra a tortura do animal touro pelos toureiros, em nome do lucro e dos subsídios de milhões de euros que os proprietários ganadeiros arrecadam.

Analisando bem a situação temos vários interesses antagónicos em presença:

 A) Desde logo  os interesses económicos que se concretizam com a tortura do animal touro:
-esses interesses económicos conseguiram a corrupção do legislador, o qual para viabilizar as touradas, considerou que o animal touro não é um animal (vale tudo quando o dinheiro está em causa);

- esses interesses económicos conseguiram também que a corrupção clientelar funcionasse entre os presidentes da cãmara, os quais dão chorudos subsídios para que esses espectáculos degradantes sejam mais lucrativos para os interessados;
B) Os cúmplices dos interesses económicos ligados às touradas:
-as televisões colaboram na difusaõ dessa cultura da violência, arrastando muitos jovens à prática do crime do "bullying" - uma espécie de tourada em que a vítima é um jovem de entre o grupo de jovens;

- a PGR, a Provedoria da Justiça, o PR, todos se tornam cúmplices desses espectáculos bárbaros de tortura do animal touro, ao não accionarem os mecanismos da CRP e da DUDH, para garanturem o desenvolvimento harmonioso da personalidade dos jovens, o qual é perturbado pela tortura do animal touro, e com a difusão dessas imagens via TV, jornais, ...

- os publicitários das touradas, que ferem a lei da publicidade , com as imagens de violência cruel sobre o animal touro, para conseguirem o tal público sádico dessa violência;

-a igreja católica com a sua ideia de um Deus que fez o homem à sua imagem e semelhança, é culpada e cúmplice na visão antropocêntrica, a qual preside á presunção dos seres humanos de que podem tratar os outros animais como coisas!;

-nós próprios somos cúmplices de certa forma, pois deveríamos accionar a lei civil, pois esses espectáculos bárbaros e a difusão das suas imagens, atentam contra o  nosso direito individual  à não violência, como  previsto no código Civil;
C) Do lado oposto aos interesses económicos que promovem as touradas estão os amigos dos animais, que entendem que não devem ser sujeitos a uma tortura feroz só para alguém ganhar 30 dinheiros:

- consideram que o Direto Natural que preside a todos os seres vivos (pois somos todos filhos da natureza) é ferido de morte quando alguns seres humanos torturam até á morte um animal inocente de qualquer crime, que não seja o de ter nascido!

- consideram que devem prevalecer os valores éticos universais, e como tal os seres humanos que querem enriquecer à custa de torturar um animal (seja na tourada, seja no circo, seja no matadouro) estão a cometer um crime contra a vida, contra a natureza, ...
D)- Que inimigos e que soluções ?

Há de facto neste caso verdadeiro antagonismo de interesses, já que os interesses económicos ligados às touradas só se concretizam à custa da tortura dos animais touros, isto é não há interesses comuns entre os torturadores e os torturados, já que os interesses económicos dos promotores das touradas e dos toureiros, realizam-se à custa da tortura e da vida do animal touro.

Os promotores das touradas e os toureiros são de facto inimigos do animal touro, pois os seus interesses são antagónicos. Por detrás desse antagonismo de interesses, vamos encontrar a fonte que alimenta e condiciona esse antagonismo, o qual é consubstanciado no interesse da obtenção do lucro (bilheteira e subsídios públicos) obtido com a realização desse espectaculo bárbaro de tortura no qual a vítima é o animal touro. 

O verdadeiro inimigo  encontrado é assim  o dinheiro e a ambição da acumulação de mais e mais dinheiro que subjugam alguns seres humanos, os quais endeusam o dinheiro e a tudo estão dispostos (explorar e torturar seres humanos e não humanos, e aprópria natureza) para o TER!

E por detrás desse inimigo que condiciona a existência de seres humanos tornados inimigos dos outros animais,  está afinal  a  ignorância do ser humano,  consubstanciada na sua presunção de que têm todo o direito de tratar como  "coisas" os animais sencientes, submetendo-os à tortura e á morte, em nome do seu novo deus, o dinheiro. 

 A solução do problema,  passa necessariamente pela adopção de uma visão universalista e não meramente antropocêntrica, que permita um enquadramento jurídico cível e constitucional conforme o Direito Natural, de tal forma que a dignidade de todos os seres vivos seja de facto juridicamente acautelada!

E como existe uma lei de protecção da violência exercida sobre os animais, nomeadamente quando essa violência provoca lesões irreversíveis, então o facto de as touradas serem legalmente permitidas, só poderá ter a ver com a corrupção do legislador, o qual para satisfazer interesses económicos particulares, considerou como que por magia - ou seja sem qualquer fundamentação séria - que o animal touro não era um animal, e como tal podia ser submetido à tortura e a lesões sucessivas e violentas provocadas pelos toureiros nas touradas, até à sua exaustão psico-física total.  
 
E também podemos concluir que só uma democracia directa e participada, que tenha em atenção o interesse da comunidade e não os interesses económicos particulares, poderá viabilizar leis não corruptas, ou seja leis que preservem o bem estar dos seres humanos, dos animais e da natureza.



III - Que fazer então de concreto para pôr fim a essa ignorância de cariz antropocêntrico, a qual permite condicionar os seres humanos a submeterem-se à lei do lucro e da sua acumulação? Que fazer para:

 - os seres humanos pararem de agredir a natureza em nome do lucro?
- os seres humanos pararem de torturar com crueldade os outros animais em nome do lucro?
-os seres humanos pararem de explorar outros seres humanos em nome do lucro?
- os seres humanos deixarem de ser condicionados ao consumismo supérfluo em nome do lucro?
-os seres humanos deixarem de continuar a ser infelizes na busca do TER, em nome do lucro?
-os seres humanos deixarem de subverter todos os valores em nome do valor dinheiro?

A solução radical, passará  pel transformação do sistema jurídico-económico desta sociedade:
- que está assente na base do lucro e da acumulação do lucro;
-que gera o monopólio e o oligopólio para conseguir maior lucro;
-que inventa guerras pela conquista dos recursos naturais em nome do lucro;
-que coloniza os outros países em nome do aumento do lucro;
-que permite a tortura dos animais em nome do lucro;
-que permite a destruição da natureza em nome do lucro.

E a solução passará por sermos capazes de fundar  uma nova sociedade baseada num sistema jurídico-económico respeitador de valores éticos universais, conformes o Direito Natural:
- que fomente e estabeleça a base legal para a cooperação e a solidariedade social;
-que fomente a optimização dos recursos para a satisfação de necessidades reais dos cidadãos;
-que fomente a cooperação e imponha o respeito mútuo entre os seres humanos;
-que fomente e imponha o respeito dos seres humanos por todos os outros seres vivos sencientes;
-que fomente e imponha o respeito pelos equilíbrios ecológicos do nosso ecossistema natural;
-que fomente e imponha o respeito mútuo por todos os outros países numa base de igualdade e cooperação económica e política.

IV- Perguntas finais

Será que fazermos essa transformação dará muito trabalho? Por certo dará trabalho e luta, meuita luta para a implantação de uma democracia directa e participada, que conduza ao controlo pós-eleitoral dos governantes, condicionando-os á satisfação do bem público!

Será que conseguiremos fazer essa transformação, antes de os seres humanos provocarem colapsos ecológicos irreversíveis?

Será que ainda vamos a tempo de impedirmos a continuidade sem fim à vista da tortura e crueldade imposta por seres humanos, a outros seres vivos sencientes, humanos e não humanos?


V - Conclusão

Um vez que estão em causa interesses antagónicos perpetrados pelos seres humanos em nome do lucro, que condicionam a tortura e a vida de animais sencientes, esses seres humanos são de facto, e como tal devem ser considerados,  inimigos desses animais, e como tal são inimigos dos seres humanos que defendem o direito á dignidade desses animais, pelo que se justifica uma luta sem tréguas dos amigos dos animais contra os interesses que põem em causa a própria vida desses animais!

Como tal não é possível aos amigos dos animais, aguardarem serenamente pela concretização de uma sociedade verdadeiramente promotora da solidariedade humanística, animal e ambiental, não é possível aos amigos dos animais aguardarem serenamente que o lucro e a sede do lucro deixe de condicionar definitivamente a conduta egoística e antropocêntrica de alguns seres humanos , que em nome desse Deus Lucro, torturam e matam animais sencientes.

Por isso, e como os interesses em presença são de facto antagónicos, cabe aos amigos dos animais lutarem afincadamente contra a tortura infligida por alguns seres humanos aos animais sencientes, dando dessa forma voz ao seu direito á dignidade natural a que têm sem qualquer favor direito, e essa luta deve existir sempre e quando se verifiquem esses actos de tortura e de violência sobre os animais, seja nas touradas, seja nos circos, seja nos matadouros.




 
     

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