A qualidade de vida é muito complexa, e o signo da troca das nossas sociedades consumistas baralham muito.
O signo da troca, tende a hiper-valorizar o "prestígio" social baseado na superficialidade do "TER", tendendo a tornar a nossa sociedade ultra-fetichista, incentivando o consumismo supérfluo!
Esse tipo de prestígio social superficial, tende a apagar o nosso discernimento, condicionando-nos ao apelo da marca hiper valorizada pelo marketing via "media".
Assim por exemplo, num restaurante, em vez de nos preocuparmos em beber um bom vinho, preocupamo-nos (e pagamos) com o rótulo da garrafa, o qual procuramos tornar visível aos "compagnons de route"!
Uma família de baixos rendimentos, que é bombardeada pelo marketing (através dos media) com o efeito padrão (efeito imitação) do "modo de vida" de famílias com elevados rendimentos, tenderá a viver à procura do inatingível "TER", ou seja poderá endividar-se em demasia, e afinal nunca irá atingir o padrão de consumo das classes de maiores rendimentos.
Como é óbvio essa família não terá sossego nem felicidade pois os prazeres dos "cartões" de crédito transformam-se em dolorosas caminhadas para os tribunais ...
As pessoas em geral ganham uma consciência social que lhes é interesseiramente imposta por quem quer vender, e que as transforma em consumistas de bens supérfluos.
Por isso é que foi muito importante o aparecimento de um partido político diferente (estou a falar do PAN - partido pelos animais e pela natureza), o qual norteou a sua campanha eleitoral segundo o lema de que era necessário "dar mais valor aos valores"!
E naturalmente que não interessam os valores hiper-consumistas da nossa sociedade (que de facto escravizam muitas pessoas) e não interessa o reforço dos valores egocentristas que acentuam os valores da competição /acumulação de riqueza, à custa da exploração do trabalho dos outros seres humanos e não humanos.
Mas já interessam os valores da cooperação, os valores que valorizam o "SER" em detrimento do "TER", os valores que reforçam o respeito pela dignidade humana, pela dignidade dos outros animais, e pela natureza.
Isto é, a qualidade de vida das pessoas depende muito da cultura dos valores éticos que reinam na nossa sociedade, e interessa reforçar os valores que vão no sentido da valorização do SER, do saber respeitar o mundo que nos rodeia (animais e natureza), de saber o verdadeiro significado do amor e compaixão por todos os seres vivos sencientes, e de sabermos ter comportamentos e atitudes coerentes com esses valores.
Se assim for, começaremos a compreender que a felicidade tem muito mais a ver com o apreço interior que damos aos valores éticos universais, e à conformidade do nosso comportamento com esses valores, que propriamente com o ter mais e mais bens, para satisfazermos necessidades artificiais infindáveis, às quais nos quer condicionar a sociedade de consumo, em que vivemos.
A qualidade de vida constrói-se e exige sabedoria (não no seu sentido literário), a qual implica discernimento para sabermos destrinçar entre quais são as nossas reais necessidades, e quais são as necessidades artificiais criadas pelo "neuro-marketing"!
Aprendermos a trilhar o caminho da dignidade e respeito por todos os seres sencientes (humanos e não humanos), e pela Natureza, é aprendermos a "dar mais valor aos valores", e a dar prioridade ao "SER" em detrimento do "TER", e é por esse caminho que saberemos verdadeiramente construir um quotidiano de qualidade, que valha a pena ser vivido.
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